sensatamente ..insensatei...

e espanto-me de ainda hoje me espantar com a imposição do senso comum.
à conversa com uma prima com a qual nem imaginava poder ter qualquer conversa, espantou-me pela positiva a agradável empatia que rapidamente se transformou num diálogo despreocupado e despreconceituado e tremendamente livre... não imaginaria que assim fosse.
conversa corrida entre duas mulheres já com meia vida vivida e outra meia por viver... depois de casamentos e relações acabadas ou...inacabadas, há um balanço a fazer, não necessário, mas inevitável, porque é assim que funciona ... dum lado desta hilariante conversa.... um casamento de mais de uma dúzia de anos, uns 15 ...ou 17 , nem sei... terminado oficialmente há apenas dois anos, mas naturalmente conheceu o seu fim penso eu eu que há mais de 9 anos, o que fazendo as contas, são muitos e muitos anos a dormir num sofá e a roçar as paredes duma mesma casa com receio de tocar onde não devia, tudo isto em nome da suposta felicidade conjugal...em nome no precioso núcleo familiar "normal", em nome e em honra das aparências. obviamente juntando a frágil felicidade dos filhos... funciona sempre assim... neste nosso amado senso comum....
em nome da família, dos "valores" a preservar ... enfim e nome dos "outros" .... em nome de nada .
Vivendo anos e anos a vida que os outros queriam que vivesse... vivendo a vida dos "outros"
E, quando caí no colo de todos, a notícia da inevitável mas imprevisível separação, ninguém queria acreditar no desconforto causado na generalidade dos "outros"...
Ninguém acreditava que aquele "perfeito2 casal afinal não era tão exemplar.... e pior ainda era a mulher que iria sair de casa, nada comum... insensato...diriam todos os que lá não viviam... sairia de casa deixando os seus filhos unto da vida deles , dentro do espaço deles, ocupado por eles desde que nasceram , não o poderia fazer de outra forma...por eles! pelos seus filhos! mas isso só ela percebia... não lhe fazia qualquer sentido que os seus filhos saíssem com ela para qualquer lado , sem o seu mundo, não seria confortável para eles, seria cruel.... e porque os filhos são para sempre, e as saudades doiem incomensuravelmente...essas saudades dos filhos que não Têm medida...
Resolveu, decidiu com toda a coragem sair sozinha para tentar ser mais feliz, com a certeza que só assim poderia ensinar os seus filhos a serem felizes e livres.
Coragem ... dizem alguns...
Insensatez!! dizem quase todos!
E passado já um par de anos, hoje as saudades e a solidão é muita , as saudades do quotidiano compassado dos seus filhos, aperta o coração quase sufocando, hoje esta mãe de filhos, como qualquer "pai" na mesma situação, pensa "sensatamente" que se calhar o melhor para todos .. (ou para os "outros" ), era ter mantido aquele casamento de fachada.... e pensa assim, não arrependida, mas em nome do tão louvável e hipócrita "senso comum"..........................

Do outro lado desta amena cavaqueira, desta troca de experi~encias de vida tão díspares, estava o meu inconfortável "in... senso comum"... que tentava passar noções de liberdade..
Tão difícil de entender este meu ... "in senso comum...", tão pouco prático, tão pouco "louvável", tão incómodo, tão pouco cínico , tão pouco hipócrita, tão incompreensível, tão pouco confortável... e tão temeroso, eu tento... eu tento sempre...fazer sobreviver, numa batalha subtil ...este meu querido "in senso comum"...
eu tento sempre...